por Luana Luizy, Assessora de Comunicação, Instituto Internacional de Educação do Brasil
Apoiar o povo Terena das Terras Indígenas Buriti, Cachoeirinha e Taunay-Ipegue para o planejamento de ações que garantam a sua participação ativa nos processos relacionados à gestão de territórios, além de construir novas perspectivas para a melhoria da gestão de paisagens produtivas agroecológicas na região do Cerrado sul-mato-grossense foram algumas das ações implementadas pelo projeto: “Poke’exa ûti: gestando e protegendo nosso território para autonomia do povo Terena”.
Apoiado pelo Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB), através do Fundo de Parceria Para Ecossistemas Críticos (CEPF), gerido pelo Centro de Trabalho Indigenista (CTI), o projeto buscou também subsidiar a elaboração dos Planos de Gestão Territorial e Ambiental (PGTAs).
“A ideia era realizar um diagnóstico das atividades produtivas, mapear as roças agroecológicas e pensar no escoamento da produção. São áreas das quais, hoje, os Terena iniciaram um processo de retomada, de recuperação de posse de terras que antes estavam ocupadas por fazendeiros. São três terras que estão com uma forte produção agroecológica, bastante roça, e hoje temos algumas questões com planejamento produtivo, redes de comercialização, escoamento da produção, subsídios mesmo dessas roças. Outro eixo também foi o fortalecimento do Conselho Terena como organização de atuação política nessas questões ambientais”, comenta Carolina Perini, assessora técnica do Centro de Trabalho Indigenista (CTI).
Em função da pandemia, algumas atividades foram redesenhadas, e as em campo suspensas, pois o povo Terena foi fortemente impactado pela Covid-19. Segundo o Comitê Nacional de Vida e Memória Indígena – organizado pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) juntamente com todas as suas organizações de base – o povo Terena foi o segundo com mais mortes na pandemia, com 65 óbitos confirmados.
Dessa maneira, as ações do projeto foram reformuladas, a fim de se produzirem materiais audiovisuais de conscientização sobre a pandemia, com uma campanha sobre a Covid-19. Essas ações culminaram na produção do filme “Ká’arine mêun – O mundo adoeceu”, uma produção de comunicadores do povo Terena e da Mídia índia.
“Esse projeto marca para sempre as lutas e os desafios que nós, Povos Indígenas, temos enfrentado neste momento tão conturbado, pois ele desempenhou o essencial para as nossas famílias e comunidades, fazendo aquilo que o Estado deixava de Fazer”, comenta Lindomar Terena, representante do Conselho Terena.
Intercâmbios e parcerias
O apoio do IEB e do CEPF culminou também na articulação de outras parcerias no estado do Mato Grosso do Sul pelo Conselho Terena.
“O Conselho Terena se reuniu com a Fundação Neotrópica, a fim de discutir a participação dos indígenas nos Conselhos Municipais do Meio Ambiente. Os indígenas também participaram de formações sobre Legislação Ambiental. Além disso, um intercâmbio com os quilombolas Kalunga de Goiás sobre o conceito de TICCAs¹ também foi realizado, pensando na possibilidade das terras indígenas pleitearem o cadastramento”, diz Carolina Perini.
Para saber mais:
Conselho do Povo Terena: https://pt-br.facebook.com/conselhoterena/
Centro de Trabalho Indigenista: https://trabalhoindigenista.org.br/home/
¹Territórios e Áreas Conservados por Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais e Locais
O Fundo de Parceria para Ecossistemas Críticos é uma iniciativa conjunta da Agência Francesa de Desenvolvimento, da Conservação Internacional, União Europeia, da Gestão Ambiental Global, do Governo do Japão e do Banco Mundial. Uma meta fundamental é garantir que a sociedade civil esteja envolvida com a conservação da biodiversidade.