O cooperativismo e a agroecologia de mãos dadas: conheça o trabalho da Grande Sertão
por Luana Luizy, Assessoria de Comunicação, Instituto Internacional de Educação do Brasil
Aliada à conservação ambiental, a cooperativa Grande Sertão, em Montes Claros, também ao norte de MG, foi fundada em 2003, e trabalha com alimentos provenientes da agricultura familiar.
O produto de destaque é o óleo de buriti, utilizado pelas indústrias cosmética e alimentícia.
Atualmente, a Grande Sertão conta com 230 cooperados, abrange 30 municípios e envolve, indiretamente, 2 mil famílias e 350 comunidades rurais. “Buscamos novos canais de comercialização para nos fortalecer cada vez mais, e tudo é realizado dentro dos princípios do manejo sustentável”, pontua Fábio Soares, dirigente da cooperativa.
Ao todo, são mais de 25 espécies processadas, como araticum, cagaita, murici, cajá, jatobá, pequi, entre outras. O mel, a rapadura e a cachaça também fazem parte da lista de produtos comercializados pela Grande Sertão, que também produz e vende uma saborosa iguaria feita a partir do coquinho azedo: a cerveja artesanal que já é famosa Brasil afora.
Parceria com o CEPF Cerrado e IEB
Com o apoio do Fundo de Parceria Para Ecossistemas Críticos (CEPF Cerrado) e Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB), através do projeto “Buriti – geração de renda para jovens e mulheres, conservação das Veredas e Chapadas”, a cadeia de produção do buriti pela Grande Sertão saiu fortalecida. O projeto favoreceu a extração e comercialização do óleo do fruto, contribuindo para a conservação das Veredas, um tipo de ecossistema do Cerrado onde nasce a palmeira e um importante berço de nascentes. “A partir da iniciativa, demos força para que o comércio se estruturasse; também foi um instrumento para manter essas áreas conservadas”, declara Aryanne Amaral, assistente de projetos da estratégia de implementação do CEPF Cerrado.
A comercialização do óleo alcançou êxito, e, hoje, a Grande Sertão atingiu o mercado internacional com o produto e conta com clientes de renome, como a gigante brasileira Natura. Mulheres e jovens foram envolvidos nesse processo e saíram beneficiados, sendo importantes atores na conservação do Cerrado.
“Na cadeia produtiva do buriti, as mulheres estão à frente: são elas que coletam, extraem o óleo, a polpa, secam e embalam. Com esse projeto, as mulheres passaram a ter autonomia financeira”, conta Fábio Soares.
Covid-19
A pandemia, claro, também trouxe impactos no dia a dia dos associados da Grande Sertão, que viram as vendas despencarem. Se não dá para comercializar os produtos da agricultura familiar nas feiras coletivas, os cooperados precisaram repensar os mecanismos de sobrevivência no mercado.
“Estamos com mais de 30 toneladas de polpas de frutas estocadas, com o prazo de validade por vencer. Estamos buscando novas estratégias, como transformar essas polpas em geleias, ou desenvolver uma linha de suco pronto. Mas temos um desafio, já que não usamos conservantes; o produto é natural”, pondera Soares.
Sobre a Grande Sertão
A Cooperativa Grande Sertão desenvolve ações em torno da sustentabilidade e da agroecologia, com o objetivo de promover o fortalecimento das comunidades agroextrativistas. O associativismo e o cooperativismo, as boas práticas de produção com os frutos do Cerrado, promovem a gestão e a conservação dos territórios rurais onde se pratica o agroextrativismo sustentável.
Para mais informações sobre a Grande Sertão, acesse: https://www.facebook.com/cooperativagrandesertao/
O Fundo de Parceria para Ecossistemas Críticos é uma iniciativa conjunta da Agência Francesa de Desenvolvimento, da Conservação Internacional, União Europeia, da Gestão Ambiental Global, do Governo do Japão e do Banco Mundial. Uma meta fundamental é garantir que a sociedade civil esteja envolvida com a conservação da biodiversidade.