O Cerrado, nas últimas duas décadas, foi o bioma mais ameaçado pela conversão de vegetação nativa em outros usos. Desde 1970, os produtores rurais vêm sendo incentivados a abrir áreas para expansão das atividades produtivas, resultando, mais recentemente, no estabelecimento de uma nova fronteira agrícola na região conhecida como Matopiba. Os incentivos econômicos e apoio dos governos para produção extensiva em larga escala trouxeram grandes transformações nas paisagens do Cerrado, contribuindo para a fragmentação do habitat, perda de biodiversidade, erosão do solo e diminuição na disponibilidade da água. A mudança rápida e extensiva do uso da terra no bioma, especialmente em Matopiba, reforça a necessidade de implementar estratégias eficazes de conservação dos seus remanescentes de vegetação nativa.
No Cerrado, ainda há fragmentos de vegetação nativa que poderiam ser utilizados para criação de áreas protegidas que contribuiriam para a expansão da rede de conservação no bioma, principalmente nas regiões que são consideradas áreas-chave para a conservação da biodiversidade e que contêm altos riscos de ameaças, como é o caso da porção entre o centro-sul do Tocantins e o Oeste da Bahia (Corredor Central do Matopiba). Os remanescentes naturais valorizados e protegidos podem proporcionar uma variedade de benefícios sociais, ambientais e econômicos às comunidades do entorno, fruto da garantia de provisão dos serviços ecossistêmicos. Uma das formas mais eficazes de obtenção desses benefícios é através da criação, implementação e/ou fortalecimento das Áreas Protegidas Municipais que proporcionam maior contato e conexão da população com a natureza; espaços ao ar livre para a prática de esportes e de lazer; turismo sustentável; educação ambiental; valorização da produção extrativista; aumento na segurança hídrica; e proteção e conservação da biodiversidade.
Neste contexto, o projeto Áreas Protegidas Municipais no Matopiba, resultado da parceria entre a Conservação Internacional do Brasil (CI-Brasil) e o Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB), teve como objetivo principal a criação e implementação de espaços fundamentais para a expansão da rede de conservação do Cerrado. O projeto buscou identificar iniciativas de proteção de áreas naturais em escala municipal e prestou apoio direto às iniciativas locais, cooperando para a criação de Unidades de Conservação (UCs) e outras Áreas Protegidas nos municípios, tanto em paisagens urbanas como em rurais. Além disso, o projeto se propôs a engajar, mobilizar e capacitar agentes locais; ações estas, que foram fundamentais para os êxitos deste trabalho.
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